Presidente da CBF decidiu falar tudo sobre a verdade dos gramados sintéticos

Nas últimas semanas, uma crescente onda de discussões sobre o uso de gramados sintéticos tem movimentado as redes sociais, especialmente com posicionamentos de grandes nomes do futebol brasileiro. 

Jogadores como Neymar, Gabigol, Lucas e Thiago Silva se manifestaram publicamente contra esse tipo de superfície, apontando que a dinâmica do jogo e a saúde dos atletas podem ser prejudicadas.  Para saber mais detalhes acompanhe as informações a seguir no Portal do Fogão Fanáticos.

Debate sobre gramados sintéticos ganha força no Futebol Brasileiro: CBF promete estudo para aclarar efeitos nas lesões

Em meio a esse debate, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, comentou sobre a posição da entidade.

Rodrigues enfatizou que o diálogo sobre o tema ocorre de forma constante entre a CBF e os clubes, mas garantiu que as decisões sobre o uso de gramados sintéticos devem ser tomadas de maneira independente pelas próprias equipes.

“A CBF mantém um debate contínuo com os clubes. Hoje, cada clube tem autonomia para decidir sobre o que considerar melhor para si. A Comissão Nacional de Clubes possui um espaço reservado dentro da CBF, onde eles discutem questões relevantes de forma autônoma. A nossa participação é apenas técnica ou jurídica, quando solicitada. O respeito pela independência dos clubes é fundamental”, afirmou Rodrigues.

O dirigente também destacou que a CBF está prestes a apresentar um estudo detalhado sobre os impactos dos gramados sintéticos nas lesões dos jogadores, a ser conduzido pela comissão médica da entidade, liderada pelo doutor Jorge Pagura. Segundo Rodrigues, a pesquisa reunirá informações científicas e ouvirá médicos dos clubes das Séries A e B para oferecer dados objetivos sobre o impacto dos tipos de gramado na saúde dos atletas.

Atualmente, três estádios do Campeonato Brasileiro utilizam gramados completamente sintéticos: Allianz Parque (Palmeiras), Arena da Baixada (Athletico-PR) e o Estádio Nilton Santos (Botafogo). Além disso, as casas de Corinthians e Flamengo, com a Neo Química Arena e o Maracanã, respectivamente, contam com gramados híbridos, que misturam sintético e natural.

A principal questão levantada é se os gramados sintéticos são mais prejudiciais em termos de lesões. Após consultar especialistas, a resposta científica é de que não existe uma diferença significativa na ocorrência de lesões entre os dois tipos de piso, desde que o gramado sintético seja bem mantido. Tiago Lazzaretti Fernandes, ortopedista da USP e ex-médico da Portuguesa, explica que o problema de lesões não está diretamente relacionado ao tipo de gramado, mas sim à adaptação dos atletas ao novo piso.

“O gramado sintético é mais duro e escorrega menos que o natural. Isso pode afetar a mecânica do movimento dos jogadores, principalmente se eles não estiverem bem adaptados ao campo. Porém, não há comprovação científica de que ele cause mais lesões”, afirmou Fernandes, destacando a importância da familiarização do atleta com a superfície.

O debate continua, mas o estudo da CBF pode oferecer uma base científica sólida para a continuidade ou não do uso de gramados sintéticos nos estádios brasileiros.